Milão 4: A noite da ópera
![]() |
© architecturaldigest.com
|
A neve dança no céu escuro de Milão, mas as ruas não
estão vazias. Na noite fria de 7 de Dezembro, a cidade acorda para uma nova
temporada no alla Scala.
Os milaneses vão chegando ao teatro elegantemente vestidos, sob o
olhar atento de Leonardo Da Vinci que, com a sua longa barba e característico
barrete (o Pedro reconheceu-o graças a isso), domina a Piazza alla Scala.
Muitos outros aguardam na Galeria Vittorio Emanuele pelo primeiro espectáculo
da temporada, transmitido num ecrã gigante.
O
maestro Daniel Barenboim levanta a sua batuta e a magia começa. A plateia emudece, enquadrada numa sumptuosa moldura de vermelho e dourado, sob o majestoso lustre em vidro de
Murano, como nos
tempos da imperatriz Maria Teresa.
O Teatro alla Scala é uma das casas de ópera mais famosas e de
maior prestígio do mundo. Mozart tocou aqui, nos seus verdes anos. As vozes
mais extraordinárias fazem parte da sua história: Maria Callas, Luciano
Pavarotti, Plácido Domingo, Teresa Berganza, Joan Sutherland, Montserrat
Caballé, José Carreras. A extraordinária dupla Margot Fonteyn-Rudolf Nureyev
pisou este palco.
![]() |
O foyer e pormenor do museu (cima). Eu com a bela Maria Callas e o pequeno explorador atento ao documentário sobre a majestosa produção de Aida. |
Mas se o teatro está ligado a algum nome é ao de Verdi, que
aqui iniciou a sua carreira. Nabbuco (1842) foi a sua segunda ópera apresentada
no alla Scala, garantindo-lhe um lugar no panteão dos compositores.
A história do rei babilónio Nabucodonosor, que invade Israel,
ecoou fundo na alma dos italianos, numa altura em que o norte do país estava
ocupado pelo trono austríaco. "Vai,
pensamento, sobre asas douradas", cantam os escravos hebreus no
terceiro acto, como se cantassem a liberdade italiana.
Rigoletto, La Traviata, Macbeth, Don Carlo, Aida, Tristão e Isolda - as produções que eu gostaria de ter assistido são tantas. Mas hoje, fico-me por uma humilde e muito mais barata visita ao museu do teatro, que permite vislumbrar o seu palco épico. O camarote está protegido por um vidro, que filtra as cores e os sons da orquestra (estão a ensaiar La cena delle beffe), pelo que ficamos muito quietos, a apreciar a música.
As relíquias do museu merecem, de resto, uma visita por si só: ali repousa um dos pianos de Liszt, trajes e libretos de várias produções, salas dedicadas a grandes compositores ligados ao teatro...
Durante a visita, afáveis funcionários vêm avisar-nos que houve uma pausa nos ensaios e nós corremos novamente para os camarotes, entretanto livres das protecções, para devorarmos todos os pormenores: palco, tecto, decoração. Definitivamente, este é o lugar para se assistir a uma ópera ou a um ballet.
Um dia destes...
::::
Site do Teatro alla Scala: aqui.
Bilhete para o Museu: 7€ /adulto.
Gratuito para crianças até aos 12 anos
11 comentários
Maravilhoso teatro e tantos detalhes a ver e ficar boquiabertos por lá! bjs, linda semana,chica
ResponderEliminarOlá, Ruthia
ResponderEliminarCom grande pena minha quando viajámos por Itália não fomos a Milão, e afinal estivemos tão perto, pois visitámos a bela Veneza.
De qualquer modo posso conhecer agora a “capital da moda” sob a óptica da música, através das tuas fotos e excelente descrição.
E, para uma amante do “bel canto” como eu, nada como o belíssimo vídeo que nos ofereces a fechar esta óptima postagem.
Bom final de Domingo
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Olá, Ruthia! :)
ResponderEliminarJá estive em Milão, mas não visitei a Ópera, por isso agradeço-te pela visita que me proporcionou aqui! :)
Um beijinho!
Simplesmente magnífica sua postagem. Amei ver as fotos e conhecer, através delas, o esplendor desse teatro. Uma casa que guarda memórias riquíssimas e que possui detalhes de encher os olhos. Bjs.
ResponderEliminarAs imagens e os detalhes com que nos conta as tuas andanças pelo mundo, nos transportam para lá.
ResponderEliminarAgradeço, Ruthia pela partilha, abraços carinhosos
Maria Teresa
Ruthia,
ResponderEliminarEstupendo!
Eu só conheço o do Rio de Janeiro, existem guias especializados para mostrar tudo e contar a historia da construção. É divino!
Divino é assistir uma opera, um ballet nestes centros dos deuses da arte.
Bjs
Obrigada pela partilha. Na Europa, nunca fui além de Espanha, e ainda assim apenas Galiza e Andaluzia. Daí que esteja muito grata pelos passeios virtuais que me tem proporcionado.
ResponderEliminarAbraço
Boa noite, Ruthia, amo me abastecer de conhecimento e viajar com você, agradeço e informo que indiquei seu blog ao "Prêmio Dardos"
ResponderEliminarhttp://www.teceramor.com/2016/04/premio-dardos.html.
Feliz final de semana, abraços carinhosos
Maria Teresa
maravilhoso, penso que se eu tiver a oportunidade de conhecer, um dia será pouco para absorver tudo! bjs
ResponderEliminarQue linda essa ópera! Gosto muito do interior dos teatros clássicos!
ResponderEliminarO Pedrinho está um homem!
Beijinhos, bom dia :)
Também o visitei quando em Milão estive. Fiquei encantada com a beleza do teatro e ao imaginar os nomes de peso que aí passaram. Senti apenas não ter conseguido ingressos para assistir a uma função. bjs
ResponderEliminar«Viajar torna uma pessoa modesta – vê-se como é pequeno o lugar que ocupamos no mundo.» (Gustave Flaubert)
Obrigada por ler as minhas aventuras e ainda gastar um momento para comentar. A sua presença é muito importante para mim. Um abraço e até breve!